quinta-feira, 14 de março de 2013

MIGUEL UM AMIGO


Tenho um amigo, o mais jovem de todos os meus amigos, que tem 5 anos de idade, que admiro, pela sua fidelidade de amizade, e pela sua precoce percepção de vida, que considero clara, simples e objetiva.
No sábado, no sepultamento da sua bisavó, procurei saber através de sua mãe, como ele havia recebido a notícia de morte, e o diálogo foi o seguinte:
- Miguel já sabe?
- Sim, já sabe. Sentei ao lado dele, e com cuidado falei: Miguel... a bisa não mora mais, perto de nós, ela foi morar no céu.
Curiosa em saber qual a reação, em se tratando de quem se tratava, perguntei: - e aí... como ele reagiu?
- Hum...  (resmungou a mãe). Eu chorando, ele me olhou bem sério e disse: - morreu né, mãe?!
Em seguida ele se levantou, foi ao banheiro pegar uma toalha de rosto, e ao passar pela sala, fez um comentário com alguém.
- Vou levar um pano, para aquela cara tristona (sic).
Depois de me entregar a toalha, para que eu enxugasse minhas lágrimas, disparou mais essa:
- Você sabe porque eu não estou chorando, né?
- Não, não sei. Respondeu a mãe.
- Ah! Ela vivia enchendo meu saco. Não me deixava brincar, ficava andando atrás de mim, com medo d’eu cair.
Uma das avós, que é minha vizinha, entrou na conversa e falou:
 - não entendo porque ele implicava tanto com a bisa, e diz que não gosta da outra avó, que ao ficar com ele, se preocupa que ele caia e se machuque, a mim, ele chama de vó-colega.
- Vó-colega? ... Indaguei rindo.  Puro jogo de sedução, para que você não repita o comportamento das outras, e o deixe livre.

E assim são as crianças nessa idade, que ao adquirir o domínio de sua estrutura, querem ser livres.
Precisam encontrar seus limites. Cair, sentir dor, chorar, se arrepender, enfim, é o início da Resiliência, este conceito psicológico emprestado da física, que é a capacidade do indivíduo construir-se, enfrentar e superar problemas e adversidades.

Fala sério, não é Miguel?! 
To contigo!