Não use a força, muito menos a covardia
A violência
que presenciamos hoje em dia, ao mesmo tempo em que nos dá medo, nos dá também
um norte, embora alguns, infelizmente, possam não acreditar: seja que tipo de
relacionamento se quer romper – sociedades, namoros, contratos – deve-se
fazê-lo com respeito, diálogo, compreensão.
Há poucos
anos, a figura do assassino estava ligada à do bandido que matava para roubar,
e que, não vamos negar, ainda existe.
Hoje, porém, dia a dia os noticiários nos mostram que qualquer um é capaz de
matar, se quiser. Quando digo qualquer um, quero me referir a pessoas iguais a
nós, que fazem parte de nosso convívio, e que equivocadamente são chamadas de
psicopata. (Aliás, é preciso esclarecer aqui que nem todo assassino é um psicopata,
assim como nem todo psicopata é um assassino. Aqueles psicopatas que não são
assassinos, aliás, são bem extrovertidos, bem sociáveis, bonzinhos, e agem
assim para encobrir seu alvo de ataque.) Nem todo assassino é um psicopata.
Outro dia,
pela manhã, num noticiário, assisti a uma cena ridícula de uma moça ofendendo
um senhor porque este colocara o carro num local do estacionamento de uma loja pet que a impedia de sair com o carro
dela. A jovem partiu para o ataque chegando a ponto de, após as ofensas, levantar
o próprio vestido e mostrar a calcinha.
Um jovem
invade uma escola e atira em vários alunos, matando-se em seguida.
No dia
seguinte, uma senhora tenta, com a ajuda do filho, assassinar a nora.
Um professor
mata uma aluna só porque esta não quer reatar o namoro.
Uma
cabeleireira morre com nove tiros, depois de ter registrado oito boletins de
ocorrência.
Uma jovem
bonita assassina o namorado no quarto de motel porque este não quer continuar o
relacionamento.
Então, que
conclusão tiramos disto tudo? É muito
fácil matar.
Ninguém quer
defender os assassinos, apenas entendê-los.
Sei de um
médico que clinica, por sinal um ótimo profissional, e que matou a terapeuta
porque esta se envolvera no relacionamento dele com a esposa, intercedendo em
favor desta. Ela se foi, e ele continua sua vida normal. Ele não “é” um
assassino em série; ele “ficou” um assassino. E muito menos um psicopata.
Que fazer?
Como prever?
Ninguém é obrigado a reatar um namoro que não
quer, mas não se pode subestimar o sofrimento do outro. Deve-se entender que
quem foi deixado tem o direito de chorar sim, de
querer
conversar, de ficar mal, principalmente quem sofre de depressão ou qualquer
outra enfermidade crônica. Deve-se apoiar a pessoa, ajudá-la a transformar a
relação, que passa a ser então de amizade, e não bloquear qualquer tipo de
comunicação. Isto é covardia. Fora outras atitudes que alguns fazem que só
comprove o quanto covarde é a pessoa.
O covarde tem
consciência de sua covardia e por isso “foge”!
Nenhuma religião prega a força, a empáfia, o
sarcasmo para resolver problemas, mas alguns que se dizem religiosos (espíritas, católicos, budistas etc.) ainda o empregam.
“Quem ama
ardentemente também no ódio é violento.” (Alexander Pope)
Alguns jovens,
apoiados por amigos, que talvez por interesses ocultos os apoiem, após terem
prejudicado a vida de alguém, acham-se fortes, são aceitos pelo grupo, e, com
isso, sentem-se poderosos, com razão, e então depois vem a tragédia.
Quem é amigo
mesmo não incentiva comportamentos radicais, mas há aqueles que, não sendo
amigos, que gostam de estimular a desavença. É o caso de se perguntar: “se
fulano levar um tiro e não voltar a andar você empurra a cadeira dele, ao
menos?”
O sarcasmo e o
deboche compactuados com amiguinhos só fazem crescer o desejo de vingança,
provocando naquele que sofre, que adoeceu, mais vontade de se vingar. Então, às
vezes, um cidadão de bem “vira” um assassino. E quanto mais tempo de
sofrimento, maior e mais aprimorada pode ser a vingança. De acordo com o jeito
de ser da pessoa ela se vinga. E a vingança pode até ser planejada, sem pressa,
adiada.
Como é fácil
adquirir uma arma!
“Mas não é tão
fácil atirar, dizem que o gatilho é duro”! Aí cai por terra o argumento: “Em
São Caetano, um menino de oito anos atira na professora e se mata com um tiro
na cabeça.”
Quanto mais
inteligente um “provável” assassino, mais dor ele causará: ele pode matar um
parente, para que o ex fique com
remorso para o resto da vida; ele pode matar um sobrinho ou um filho; ou matar
o atual companheiro do ex.
Imagine um
chefe de família recebendo a visita de um oficial de Justiça em casa se sabe que não deve nada! Nem mesmo
uma sentença favorável apagará o sofrimento físico e moral de uma pessoa que
foi absolvida de um crime que na verdade
não existiu. A não ser na mente doentia de uma pessoa reconhecida pela
maioria como covarde, egoísta e sem nenhum tipo de espiritualidade.
Quem agiu
assim covardemente, egoisticamente, fazendo o outro sofrer, deve juntar as
mãozinhas e orar a Deus para que em vez de um tiro receba um processo de umas
50 páginas de laudos, laudos, laudos, etc., para incluir no currículo.